quinta-feira, novembro 30, 2006

O oco da carne


Peçonhento

Bicho-cabeludo na língua

nos engole

Como fugir do que vem de dentro?

Matar o oco da carne

Calar o ranger de ossos da caveira

Lamber o já deglutido

O som vesgo do coração

Pipoca no gelado sangue que ferve

Escuridão subterrânea e líquida

Gosma que envolve e regurgita

O calcanhar atravessado na garganta

mastiga a falta de ar dos pulmões

Metástase dos sentidos

O corpo todo embolado

Cãibra facial

Espiral de contorções na epiderme

Existência liquidificada liquidada

Num único sentimento:

Medo

Um comentário:

Anônimo disse...

Uau! Muito bom Luiz!
Beijos
Iara