domingo, dezembro 12, 2010

Zumbi de bigodes

Leminski está morto
A pau a pedra a fogo a pique

Vermes Occams comeram-lhe a carne
Mas vem do cachorro louco um repique

Não há terra que lhe acalme
Mesmo decomposto ele brame
Expirado, ele inspira
Não há quem não o ame
Não há quem não o infame

Nem isso nem menos nem tanto nem quase

O zumbi de bigodes retorna à profunda superfície, sua base

Maltrata-nos em ais e cais

Metamorfoseia-nos

Até compreendermos
Que os mortos somos nós

Mandados por ele
Leminskianos insetos parentes do alfabeto
Nos picam
E outras proesias implicam

Levanta-te, Lazaroento poeta!

Tua defunta presença nos marreta

Dai-nos a cova
Precisamos desse espaço
Ou você não se toca
Que tua presente morte nos sufoca

quinta-feira, novembro 25, 2010

Uróboro

Há quantos fins para um mesmo fim se o recomeço não se despede de mim?

Um dia pensei que era um bom menino

Havia tanto azul naquela cor

Coloria a vida que pensei que sou

O cadillac atropela a pin-up


Glamour


Derrama-se em vermelho a cor

O vento veio e algo se alterou

A linha do menino arrebentou

A pipa rasga no céu a palavra amor

sexta-feira, novembro 19, 2010

Ó minhas deusas egípcias

Quantos lábios lambestes

Quantos pintos perscrustastes

Com quantos homens vos deitastes

Para restardes assim

Tão fadigadas

E tão felizes?

segunda-feira, novembro 08, 2010

Bicicletário

O sol ilumina a poesia
que sai da boca da cantora
algumas pessoas dançam
outras cantam
sentadas na grama
quase todos se divertem
jogos, beijos, sorrisos

A felicidade à vontade ali
no gramado ocupado do Bicicletário
junto ao sol, à poesia e à música

Ele também se diverte
sem entender a lágrima
que insiste
por trás dos óculos escuros

sexta-feira, outubro 08, 2010

4 aicais

A virgem ostenta
assassinada volúpia
de cem mil prazeres

A puta ostenta
assassinados prazeres
de cem mil volúpias

Prazeres de puta
em volúpias ostensivas
assassina a virgem

Virgem de prazeres
cem mil volúpias ostenta
a puta assassina

sexta-feira, setembro 24, 2010

Silêncio

Guardemos o silêncio

Vamos protege-lo
dos berrantes aberrantes
das hostes de BBBostas ambulantes

Vamos preservá-lo
dos autofalantes
dos políticobufantes

Salvemo-lo
do trio elétrico
e do carro dos sonhos

Fechemos dentro de um livro
o apoplético risonho

Mandemos à quietude da biblioteca
o aético bisonho com discurso enfadonho

Feito isso
soltemos o silêncio
para ele correr livre por aí
invadindo iPods e celulares estridentes
numa algazarra muda e eloquente.

Até ele cansar
pois sem cantar
não há quem aguente

quinta-feira, agosto 26, 2010

sexta-feira, maio 14, 2010