PERDEU! PERDEU!
O grito explodiu-o no peito
Ajeitou-se cuidadosamente no banco do carro e olhou pela janela
As armas não apontavam para ele
A alguns metros
O susto embaralhava vozes e choro
Uma bolsa mudava violentamente de mãos
O cano do revólver acariciou a ponta de um seio
Que se encolheu com medo e nojo
Os dois pivetes correram felizes com a bolsa
A moça ficou, chocada, chorando
A fragilidade dela tirou-o do carro
Aproximou-se com receio
Ela o olhou cheia de medo
Ele estendeu a mão
Ela a agarrou, tremendo
Ele abraçou-a tentando sentir peito contra peito
Ela pendurou-se nele e chorou de soluçar
Recuperando-se ela falou em chamar a polícia
Ele disse "polícia não" e sugeriu alguém da família
Ela aceitou e chamou a mãe
Sentaram no meio-fio, esperando
Aos poucos ela foi parando de tremer
Seu nome? Sabrina. E o seu? Pedro
Emoções escapavam por risinhos e gentilezas
A mãe chegou antes que o silêncio os envolvesse
Trocaram agradecimentos, beijinhos
Ele ficou com o telefone da casa (o celular tinha ido com a bolsa)
Ela partiu olhando-o pela janela
Ele saiu caminhando
Enquanto andava
Pensava em como ela era frágil
e linda
No carro, que ficou para trás
esqueceu a mixa e
os fios descapados para a ligação direta
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